quinta-feira, 28 de junho de 2007


ViAnjos



Joaquim Alves, Acrílico sobre tela, 146x114 cm, 1992




que
converso e isso é bom e é uma grande verdade confesso que converso converso e volto a ter conversas e volto a conversar converso sobre tudo e sobre nada sobre nada é a melhor conversa que se pode ter e voltar em dias seguintes a provocar palavras pois é bom isso é que é mesmo conversar e poder ter alguém para voltar à mesma e primordial conversa é óptimo conversar de tudo e um pouco mais como o azul do tejo e a babilónia perdida do mundo mas ainda assim claro não é tudo conversar é a única e certa forma de nos sentirmos eternos atentos e audíveis aos sonoros seres de dentro de nós depois para fora podermos dizer que somos bons e tal e coisa e pois e tal até talíssimos como muitas vezes dizia um amigo meu de quatrocentos e oitenta e nove anos idade contada desde que descobriu uma ilha a que ele chamava da ternura pois era um poeta dizia quem o escutava há cerca de muitos e muitos anos quantos nem eu me lembro se alguém o souber que diga que eu cá não quero e não gosto de mentir muito menos em qualquer simples cálculo matemático mas devem ser para aí mais de quatrocentas mil luas já que ele me levou a essa ilha por diversas vezes e juro que eu gostei para burro eu sei eu tinha uma boa e real idade de bébé nasci quinhentos anos depois do leonardo e juro que ele era pessoa supra inteligente e bom e por isso me aconselhou a tirar cursos atrás de cursos todos os que puderes dizia-me ele e eu disse que sim que tirava todos os que pudesse e tirei-os todos só que ainda hoje me admiro por que raio os tirei todos talvez porque fui de coisas levar à letra já sei porquê os conselhos dos amigos mais velhos são importantes sobretudo quando deles gostamos e até porque há uns amigos que nem conselhos dão e dizem sempre que sim que sim e pois vão pensar vão tentar e voltam sempre a dizer que voltam a pensar e a pensar se esgotam e deixam de ser amigos esquecem-se de o ser e continuam a fazer o mesmo que já fizeram talvez por não desejarem outra coisa fazer ou por falta de imaginação digo eu que gosto de dizer coisas e é preciso ter paciência para as dizer e ficar a pensar no que se diz vejam lá o que respondem porque as palavras são quase uma teia em que ficamos às vezes pendurados de cabeça para baixo repito de cabeça para baixo cuidado senão morre-se de cabeça para baixo com falta de ar e a respiração é muito importante para se escreverem coisas belas talvez expressões que não inventar se podem de cabeça para baixo nem pendurados no pólo sul no extremo da terra apesar do branco magnífico onde estamos agarrados mas apesar de tudo é uma agradável fonte de sensações primordiais e justas nós merecemos essa posição de cabeça para baixo até porque é uma maneira nova de olhar os eternos espaços do universo e o universo tem mais força que o espaço que está em cima e o espaço que está em baixo quem desejar contradizer o que afirmo que experimente estar seguro apenas a uma esta-lactite de gelo pendurado de cabeça para baixo na extremidade do pólo sul e juro que eu não sou masoquista juro não sou masoquista mas estive lá e sobrevivi porquê não me perguntem porque eu não sei nunca o saberei e não vou perguntar a ninguém agora talvez mais tarde sim talvez alguém me responda agora não devem ser horas de perguntar é cedo e eu tenho sede de tanta coisa tanta não é fácil entrar já em caminhos dificilmente estranhos e imperscutáveis como conversar com o meu mais íntimo interlocutor a minha voz azul de vivência mas o que eu quero é conversar contigo e que tu converses comigo pois é assim que se conversa com o mundo e com todo o universo penso



converso
com deus todos os dias com o meu amigo juvêncio e com os anjos e com a penha de frança e até com a que em sintra fica e com os dinossauros que agora mudaram de nome repentinamente e só não converso com o diabo pois com o diabo porque não gosto de conversas com o diabo nem nunca gostei é uma coisa cá de dentro não gostar dele ele nem sequer foi chamado à história dos homens nunca por nunca antes maria da madalena ou o judas que afinal de contas era um bom homem como dizia aquele amigo e agora o diabo não e não me provoquem por causa dele sim por causa dele pela simples e mineral explicação que humildemente sinto que posso finalmente revelar o diabo nunca existiu fiquem calmamente sentados sei do que estou a falar sei sim porque sabem ele realmente juro não existe converso com os amigos poucos sei-o bem porque amigos realmente existem poucos e ainda bem estão a ver o que era ser amigo de toda a gente uma nota de mil duas de quinhentos e ainda aquele sorriso amarelo que eu detesto por inúmeras razões e não digo quais conversas são sempre com berças e ninguém sabe quais é mais fácil assim de repente falando como algarvio alentejano ou alentejano que vai ao algarve molhar as calças e as saias na praia da fuzeta escrever é do mesmo modo igual e então em computador mais ainda carregam-se teclas num ritmo melódico e sentimental é assim que penso agora e me faço em mãos do tempo dizem que anos noventa para não nomearem fim de século mas é isso que está no de dentro da cabeça porque o coração esse que se lixe nem vale a pena pensar no enfarte de miocárdio a nefretite não tinha papeira tinha talvez sarampo e se a sida não é da sua época tanto melhor estou-me nas tintas para a dita cuja função de rainha que não era programar o mel e prefiro esse mel o puro mel de estevas e giestas e rosmaninhos e aleluias ingénuas e logicamente naturais pois aí é que está a questão porque não há lógica que resista à visão de um bom coração a bater a bater já viram um coração a saltirar na ponta de um dedo trémulo tímido a queixar-se de não saber por onde começar e começar é sempre mais ou menos como lançar sementes à terra cuidar das mais tenras plantas frágeis ternas e despreocupadas esperámos pela sua lenta e continuada renascença de primavera repetida mas sempre nova antes de nos deliciarmos com os frutos que nos oferece e pela parte e possível arte que me coube do sentir do tempo começar é tudo como o corpo me disse antes dos cinco e se quiserem o tudo é recomeçar já sem perder tempo já que recomeçar é o contrário do sabor a nada a ninguém ao vazio do mundo ao deserto de não nos termos a nós ausentes de um deus abandonado num campo de morangos silvestres provavelmente na suécia de antanho e o ingmar já na ilha de pharos desculpem referências da memória do pessoa sem ser fernando bergman não é português que universal se quis e como fundamental é no espaço dos morangos em verdade em verdade vos digo que só os solitários estão dispostos a receber as rosas da noite mesmo que nos surjam tulipas do norte não se pode ter tudo muito menos o tudo da perfeição redonda mesmo em formato de laranja não colhida resposta do outro lado da mão esquecida a cortar limão da árvore primeira e natural é assim o movimento da hesitação e do pudor o murmúrio da concepção sim somos o que somos nada de culpa que a haver culpa de ninguém nasce claro mesmo que ela tenha ficado na memória de uns tantos e tantos são que em maior se tornou maioria mini maioritária mania sim que se arvora em figueira verde parra folha diáfana por vezes substitui os verdes de castanheiros videiras medronheiros nespereiras e até pinheiros sem falar agora nos encapotados eucaliptos que vivem à linda sombra da calma água represas para movimentarem europeicas e ricas aventuras da celulósica economia clean querem que diga tudo o que nunca saberei e prefiro porrética mistificação pois desejo manter o segredo das origens um pequeno momento em que o barro sofre sofre e sofre antes de ser levado ao fogo tal bruno silencioso na sua filosofia de claro vivente capaz de tudo e ainda mais um pouco apenas à beira da deslumbrante sabedoria que me interessa no azul do tejo no céu do algarve na sábia geometria de barcelona e amsterdam até na luxemburguesa baixa de lisboa ou nas cinzas do porto e lion também em sónia o centro da terra e nas velhas curvas do marão que felizmente não me enjoam ou mesmo na luminosidade de real vila como na ponta final do mundo alô alô e viva a velha e selvática bolama reencontro com os cocos nos intemporais bijagós da rainha pampa nome de cerveja dado em sua honra memórias ancestrais como o de um barco rasgado o seu velame porque uma vela perdura até se gastar sim até se gastar qual força de salvação no meio da tempestade a vencer sabem como é uma comunidade e se o não sabem perguntem ao pacheco luiz velho entendido em coisas de paris século original a findar mesmo que o corpo lá não esteja meu grande fingidor do fingido de nós todos ficaste em paragens do ser que não se deixa fixar em fotomaton fortuito do gesto magoado da felicidade frágil ténue e meiga magia de termos mãos e não haver eternidade é apenas um acaso como a escrita nas rugas do papel amarrotado pela nervosa energia do tempo tantas horas de amor dorido e tu e nós sem qualquer mácula de culpa do pecado original mas fomos salvos pelo qoeleth mais conhecido por eclesiastes que reza mais ou menos assim numa página bela do capítulo que é sempre o terceiro não adivinho o porquê talvez a minha amiga jenny explique e melhor que ela a lia tempo de nascer tempo de morrer tempo de chorar tempo de rir tempo de lamento tempo de dançar tempo de sorte tempo de azar tempo de amar tempo de esperar tempo de lançar tempo de recolher tempo de dizer e tempo de calar



calar
o quê meu mestre da vivência mal marcada por tanta vaidade de todos os momentos por que apenas passamos segundo a segundo conforme o vento e as vagas mudas tudo em perfeita vaidade vil pensamento olho no pilim que é um talentarso metálico barroco sorridente e vampírico mestre da negação da energia da solitária paz está no papo sim é mesmo assim sem mais valia de mim volta a mim regateia-me espera faltam leis regras e ritmo de horas giras e giras cá por mim são funk dádá e dão menos dinheiro e tudo o que dá dinheiro é bom dizem p’ra mim não os que não me conhecem talvez o saibam pois o que dá dinheiro dá pilim pra mim não em mim ainda menos homessa stou ok estou caraças chiça porra puritano português suave ou lights da pequena consciência muito desdita estou completamente espapaçado tal a falência das talíssimas descobertas nacionais hoje tão em moda e poucas como era de esperar ou desesperar e vamos lá ao tal jogo da verdade nua e tão mal escrita por muitos dos nossos maiores qual henriques que ah sim teve um sonho nas mãos mas não quis acreditar que o teve e por não ter acreditado até ao fim ficou como antes do mar sem amar ninguém e assim se ficou e naus não contruiu nem sonhou e era tão fácil sonhar e é tão fácil sonhar fora das frias matemáticas a limitarem a mão e o estúpido coração então não é assim claro que é assim mesmo defronte para o mar começar é sempre assim lançar sementes à terra e cuidar das tenras plantas esperar pacientemente pela primavera e depois deliciar-nos finalmente com belos frutos começar é tudo sim é tudo é o contrário do sabor a nada da hesitação a murmúrios mesmo lágrimas porta-moedas electrónico começar é uma aventura com movimentos sempre infantis como a vela do tal barco que muda de posição quando lhe apetece e nunca de acordo com o vento sem nunca esquecer o leme percebo pouco de navegação e se assim não fosse e tivesse dinheiro já tinha comprado um catamaran só para me divertir sem quaisquer pretensões olímpicas é por isso que prefiro continuar em terra onde as sementes dão flores e os perigos não são menores em todas e quaisquer esquinas ou cruzamentos em todas as mudanças de rumo há sempre perigo de morte e porque não de vida acho e penso eu que sou optimista até porque gosto mesmo deste sentimento ocidental português o risco de pisar o limite impossível e assumir que se pisa bem sei que poucas mesmo muito poucas pessoas o assumiram só alguns raros e interessantes vultos deste pequeno país onde as minhas raízes estão cravadas até à medula me surpreendam por essa capacidade invulgar e sobreviveram à custa de um muitos e bons espinhos cravados na profundidade do sofrimento que é o que espera alguém que decide remar contra a maré facilidades decerto nunca as terá a não ser que a sua boa estrela magicamente faça algum milagre eu cá tenho um contrato com a senhora dos milagres ela não me obriga a conduzir e eu como simples mortal não me meto nas suas convicções não me peçam façanhas santorais e para todos os efeitos não tenho medo da morte nem do melhor dos meus inimigos e que eu saiba inimigos não tenho para falar a sério é do amor que tenho mais medo não do amor propriamente mas da falta dele até porque nas relações namoros e coisas do género estive-me sempre nas tintas porque o amor é sempre uma porta aberta ninguém é obrigado a amar o que quer que seja quem quer que seja onde quer que seja não vale a pena forçar o amor no amor não vale a pena mentir no amor só ele conta e a mentira é um verdadeiro boomerang sim a mentira cai sempre em cima do arremessador sempre pelo que posto isto volto à terra onde me apetece plantar cebolas pisar descalço o musgo apanhar feijão verde e comê-lo cru ao natural como as conquilhas que o zeca gostava de comer vi-o comer e eu também comia quando regressávamos da bela armona lá prós algarves perdidos o mar oferecia-as nós só escavávamos na areia para as encontrar depois no barco provávamo-las sabiam sempre a mar não me perguntem porquê sei lá eu por que havia de ser a mar talvez porque encontrar conquilhas seja uma aventura como subir aos himalaias ou escorregar por ravinas em sonhos de areia que obrigam a fazer das tripas coração tal qual a vida e esta recomeça todos os dias porque se ainda não sentiram o que é recomeçar todos os dias experimentem façam o favor de experimentar uma vez pelo menos recomeçar sentir dia a dia manhã a manhã tarde a tarde noite a noite e manhã de novo tarde de novo e noite outra vez assim é sempre porque experimentar os dias é voltar a sentir a repetida chateza dos momentos uma certa solidão aquela que discutida noites a fio e repetida mais uma vez me diziam que era apenas para sozinho não ficar como sozinho sim ali a olhar para a parede opaca com este quadro que nunca muda de posição nem de cor um quadro verde mate com uma candeia acesa um puro e terrível picasso exclamei alguém me perguntou se eu o conhecia sim andei com ele na escola conheço-o bem reconheço-o em cada bocadinho de papel tinta tela óleo verniz olhar estranhos corpos de visões loucas e ternas reconheço-o sempre afiámos os nossos lápis com a mesma faca fomos companheiros de carteira sinto o espanto nos seus olhos com muita admiração fomos amigos foste amigo do picasso interrogavam-se derretidos de louvores indirectos fui sim há problema em ter sido amigo dele não não não é isso então o que é bem pois como assim e outra vez ainda nós também somos teus amigos não sabem quem picasso é e agora por terem um quadro enigmático do dito mesmo em frente do nariz ou dos olhos por picasso aderiram à causa moderna são uns chatos de todo o tamanho do tamanho do mundo ou ainda mais não sabem o que é uma máscara africana não viveram não estiveram não sentiram aqueles anos de paris de frança no sangue sim no sangue não conheceram nem conhecem os amadeos gémeos no nome e em poucos mas bons momentos da vida e que música crepita num coração apaixonado pelas cores dum piano radioso de primaveras por chegar e grandes confusões do sentir mais de mil coragens de dentro que não saem nunca para anunciar os produtos novos e vendáveis sempre ligeiramente fora de tempo da moda do mercado da incapaz potência de sonhar deixa para lá diziam-me deita para trás não penses mas pensar é mais do que uma música seduz-me pensar o que não me interessa é o dinheiro negócios praias viagens coisas assim programáveis como se a vida sim vida essa pobre mulher que esmagamos na mão todos os dias pudesse ser programável no disco zen esqueçam eu nada disse nenhum comentário fiz ou farei mas o melhor é desconfiarem da promessa um dia qualquer ou num qualquer momento lá estarei de novo a dizer mal da vida dos amigos do mundo e dos próprios dias uns mais sombrios que os outros às vezes mesmo mais escuros que muitas noites que vivi sim porque gosto da liberdade da noite da noite com liberdade da noite como se fosse o dia liberdade como a da noite não há e há noites que ninguém pode adivinhar e fiquemos por aqui claro por aqui que não quero fazer mais confidências profundas íntimas e pessoais como costumava dizer um amigo que morreu de sida sim de sida tem algum mal morrer de sida




normal
são apenas mortes aos milhares é verdade e todas somadas dão milhões mas não faz mal é uma nova selecção natural dizem alguns vá riam-se da selecção mas de repente ao abrir o jornal vi escrito num anúncio português quarenta e cinco anos de idade pretende vender todas as suas obras urgentíssimo resposta ao número 471 473/86 deste jornal será que ele está com sida ouvi comentar mas como estas coisas não se comentam senti o medo de quem comentava ou o respeito porque de pena não me pareceu que se tratasse e mesmo que assim fosse nada adiantaria não adiaria a morte do anunciador que punha aquele estranho desabafo em jornal respondi ao número daquele jornal que do nome me não lembro até porque nunca me passou pela cabeça que resposta concreta alguma vez tivesse mas pelos vistos redondamente me enganei e não é esta a hora de explicar o modo e o lugar do meu porquê foi assim e assim é muita coisa posso bem com todas as insónias do mundo com os velhos resquícios do multi-secular machismo com as manifestações mediáticas dos grandes vendedores de banha da cobra tão em moda como a baixa dos juros cá por mim prefiro goivos e rosmaninho apesar de haver alguma repetição de primas veras que são sempre diferentes dizia-me a mena e eu respondi-lhe que conhecia bem a prima vera e o tio antunes que até nem dele gostava e se aproveitava do nome para vender uma nova banha de avestruz e avestruz para mim é animal enfadonho prefiro ovos de codorniz coisas mais ligeiras de digerir e sem verniz mal cheiroso pois não gosto de engolir sapos e também detesto vê-los sapos só os da guiné que mais rãs parecem sem qualquer dúvida acidental mas mesmo assim prefiro a pronúncia do corpo do norte também a de coimbra viva o torga que é dos dois lugares e porque até com ele almocei há dias poucos em moimenta da beira um bom cozido à portuguesa confeccionado à maneira e regado de boa pinga e de boa conversa sei que não é de todos os dias mas há dias assim os chatos dos dias monótonos que só sono nos dão que se vão como não podia deixar de ser de nada nos servem vivam pois os almoços à portuguesa com cozidos ou grelhados tanto faz momentos de convívio único e belo prazer indescritível sobretudo quando de ciência ou matemática falar se dispensa como aconteceu em moimenta pois falou mais alto o músculo vital do peito a verdade da língua materna em puro fruir de segundo a segundo momento bom a bom momento seguinte e achei e acho que o torga médico era um grande brincalhão e que estava a brincar comigo para se despedir da sua moimenta e de coimbra chamou-me menino e eu gostei disse-lhe que lá em casa também me chamavam menino a mim pai de três filhos maravilhosos e companheiro de duas espectaculares mulheres sem vocação de bígamo ou outras coisas que me queiram colar na planta do pé que tão pequena é como a minha testa quero lá saber que pensem mal ou outras coisas também posso pensar o mesmo de quem achar que pensar é uma chatice pela simples razão matemática e estatística do pensar a pensar é que se descobrem novos mundos dizia o miguel que essa mania tem e não lha levo a mal cada qual tem a sua forma de ser e ele não baralha nem a dele nem a minha e por razão maior não devo baralhar a minha com a dele e assim chegámos a um são acordo quando ele dissesse nós queria apenas dizer ele e o mesmo se devia ler quando fosse eu a afirmar tão misteriosa palavra nós é um plural majestático dizia o meu professor de português e eu digo nós é um plural perigoso sobretudo quando do código da estrada se trata nós vínhamos da direita tenham dó do condutor ele até vinha sozinho bem sozinho com o seu sonho agarrado a um volante peço desculpa vinha acompanhado só que não posso descortinar por quem vinha e se vinha da direita ou da esquerda e levou com um solitário selhante e azul em cima que acompanhado vinha pelo menos do seu acelerador como normal é nestes muitos casos muito anormais talvez da nossa mui querida normalidade quotidiana real tão real que o próprio príncipe cá do burgo nasceu em berço normal da cruz vermelha ele que é de sangue azul era lógico nascer em berço de oiro na cruz azul mas não e assim fica verdadeiramente demonstrado que a lógica já não é o que era já não é uma batata mas de facto dois nabos o que não vem alterar em nada a lógica dos dias excepto na forma confusa de apreciar a contagem das horas o que grave também acaba por nada ser já que o sol se continua a rir das vãs tentativas e vaidade adivinha ou palpite metereológico dos homens mesmo que de mulheres se trate o melhor pois é nascer sempre em toda a simplicidade do termo e insistir em sermos a semente do futuro que renasce para levar pois com todas as imprevistas chuvas de maio de preferência maduro ou não isso importância nenhuma tem mas acho piada à vaidade muita tanta sempre que me parece ser justo compará-la à eternidade ou seja de forma mais simples e sintética a vaidade é efémera sempre como só pode ser de forma definitiva efémera e simpática assim será sempre simpática como não podia deixar de ser a borboleta da noite que só visa deixar algo de si para o futuro há seres assim e quem lhes pode levar a mal o amor para não falar da paixão mesmo que não louca que é a pior ou a melhor das paixões que pode haver vá lá uma pessoa adivinhar nem eu sei quando já estive tomado de paixão não vale a pena fazer leituras de graus de paixão uma vez mais como o amor não é medido por termómetros quaisquer que sejam as suas capacidades de fidelidade e precisão e demais tretas que nos ensinaram para pesar medir e determinar as sólidas propriedades de um mineral nem de minério se trata antes dos grandes majestosos e profundos mistérios da razão da vida sim da vida se quiserem acreditar pois ninguém é obrigado a acreditar que a liberdade de pensamento está acima de tudo e todos se assim não fosse seríamos uma série de robóticos parvos computorizados e anómalos viventes sem qualquer sentido de tacto pois não é o táctil corpo que nos sustenta que dá razão ao sol e à lua pois doutro modo éramos marcianos sem eira nem beira e curiosamente até daí tenho origens bem sustentadas sabe-se lá porquê o presunto tem sabor diferente no alentejo daquele que é confeccionado em rio maior é verdade e não se justifica por quaisquer simples minas de salgema o oiro da zona ou volfrâmio duro possa sim possa ser vendido só aos ingleses ou mesmo a outros países da terra até porque outras riquezas vivem dentro da memória e ninguém as apaga até juro que bonitas são as cerejas de maio antes das anormais chuvas que por vezes estragam as colheitas paciência são caprichos da natural independência das muitas forças ocultas do universo que teimamos em permanente e falso domar e ignorar é verdade esquecer é uma virtude humana o pior é o resto chegam tempestades e relâmpagos que nos acordam madrugada fora dos nossos pequeninos sonhos de aleixo sábio português que de tuberculose morreu mas versos nos deixou algarvio por sinal grande filósofo não tão natural quanto as conquilhas da fuzeta mas mesmo assim credível e amado em faro coimbra lisboa e alguns arredores de portugal pequenito cá por mim estou de bem com a minha ciência que é pouca mas mesmo assim vai chegando para as encomendas mesmo que do estrangeiro apelos cheguem e estou-me mesmo muito nas tintas até já pintei uma casa toda e fui convidado para pintar uma grande instituição só que o director achou que eu era pequeno ainda não tinha idade seria exploração de mão-de-obra infantil ainda por cima artística fiquei a pintar só a minha casa e já não era pouco a época era de escassez e setenta metros quadrados satisfaziam o mais pintado ambicioso que coisas inesperadas não se podem explicar assim nem com um experimentado oitavo sentido



quero
lá saber dos embondeiros azuis do doido que andou a pintar a tentar pintar os olhos à minha imaginada terra vermelha de áfrica não posso acreditar que possamos ter a mesma paixão por uma terra que não existe mas sinceramente da minha parte tinha milhões de hipóteses para ser realidade sou de facto apaixonado pelo que não existe qual homem livre qual áfrica mulher de amor ternuríssimo paixão da terra uma eternidade efémera mil pequenas coisas belas um sonho infinito duas mãos que não se despegam cerejas na roseira lírios nos choupos ou ainda outras iluminações mesmo sem cerveja nem inferno francês está tudo doido e eu também como poder não podia deixar de estar frente a todo este injustificado modelo de pensar a vida o amor a terra os girassóis os goivos e os rosmaninhos e toda a flora que dentro da alma permanece sem senso sem razão sem mágoa sem sinfonia sem pausas sem filhos da deusa insatisfação e outra condição quem dera que existisse para descanso nosso e meu também ora não está tudo doido vá lá que o mundo tenha ensandecido ainda é aceitável mas se ensandeceu por razão alguma terá sido ensandeceu parece-me esta palavra uma bonita palavra talvez porque tenha a ver sim a ver com a tal memória aqui falada e querem saber qual a cor que ela tem querem é térrea castanhos de uma intensidade que pouca gente já viu os de um dia que ainda não nasceu e é visceral de dentro do gineceu da vida até apetece chorar com ela mas é linda linda de morrer juro eu a vi um dia nem sei quando e nem é necessário dizer onde vi-a e isso me basta neste maio de cerejas a novecentos e oitenta escudos o quilo se calhar é melhor comprar caviar só que eu gosto mais de caracóis sobretudo daqueles com riscas de cores primaveris que lembram os estranhos girassóis do pintor maluco de todo o vangog penso eu que também a mania de pensar tenho e não vem mal nenhum ao mundo mas que raio de discurso é este parece que o juvêncio se enganou ao levar as garrafas do gin-tonic para o mário que já mora na leiria do seu sonho da ligação tão estreita que siameses se tornaram como dois gatos lindos que tenho e são um casal perfeito romeu e julieta e o bèjart du xx siècle no coliseu catorze semanas depois do vinte e cinco de abril a dizer beaucoup de plaisir après six ans de m’ expulsion du portugal par sale et azar se não disse isto foi coisa parecida claro que não pode ter dito isto assim à laia de memórias de uma bailarina que se sentou ao meu lado e me garantiu que era verdade verdadíssima e quem sou eu para desmentir uma bailarina do corpo permanente do famoso grupo fundação calouste gulbenkian sou jovem vim aqui parar por mero acontecer ou só porque os jovens romeu e julieta se transformaram num mito que já ninguém sabe porque é tão profundo e primordial coisas da mais elementar falta da nossa cultura porque nós vivemos no tempo da falta sim no tempo da falta vivemos depois do tempo da culpa que vem sempre após o tempo do corte e da eterna tentativa de revoltarmos a origens distantes aos momentos que não vamos recuperar disposição do homem para a angústia antes de se descobrir na casa onde vamos depositar o ser esta sensação é estranhamente de há milénios por isso está deitada nas pirâmides do egipto aliás esse é um dos problemas mais mediterrânicos destas conversas que apesar de não muito longas começam a ficar chatas tenho experiência disso o melhor é mudar de página

o aviso
da minha tia foi sempre sê sintético a grande virtude da vida é ser breve rápida e fugaz a minha tia era uma sábia e continua a ser mas agora não foi para aqui chamada apesar de se ter intrometido e o mais importante é a vida e era dela que se tratava tal qual o sistema piramidal resiste a este tempo de acelerada mudança ciberespacial talvez porque tudo é ainda e cada vez mais uma semibreve uma fuga vocal ou um ritmo cardíaco a tender para a paragem de qualquer autocarro vinte e sete mesmo que do quarenta e nove seja círculo paralelo até não rejeito esta forma de dizer porque os meus amigos mais fortes já se foram e vivem onde querem




barcelona
era onde eu devia viver há quase uma década ou no canadá que nem imagino o que de uma ou outra forma pode dar se é que dá ou na austrália podia também ser nos estados unidos que são metade do mundo actual e juntando o dai nipon mais e um pouco da unha chinesa embora cá pelo meu lado a opção se fique pela costela à boa moda de adão mas da bíblia falaremos em oportuno tempo cada coisa no seu lugar diz o meu amigo juvêncio que nunca es-tudou letras nem foi à tropa mas é maior e suficiente para angariar fundos para sobrevivência própria como ficou explícito na sua caderneta militar com taxa paga em tempo decente diz ele que às vezes nem sabe onde a meteu mas devia saber porque um dia destes ainda é chamado para ir em férias de reservista para alguma emergência na fria situação actual da bósnia quatro como observador ou até adido qualificado de assuntos primo-divisionais da quadragésima embaixada de peritos das desunidas nações do estranho mundo ocidental com gratuito sabor a sangue demagógico processo de domínio económico da política terrena e passageira e tão melancólica cheira-me a proteccionismo pobre e reles desta europa submergida pelo vil metal euros e dólares transformados em ecus de costas para um povo multimilenar cansado de guerras gabriela cravo oiro prata e canela antero de quental no banco do jardim vão para o quintal ou preferem a droga dura cavalo de sétima estação sida a apanhar o comboio em santa apolónia ou mesmo em são bento com azulejos que são um orgulho nacional apesar de serem muitos importados das terras de hispânia lá no século em que maior sucesso lhes deram e ainda mantêm claro que gosto dos azulejos do meu bairro só que roubam partem destroem em cada noite que passa mais uns quarenta ou cinquenta e oito e assim não vamos a lado nenhum ontem recuperei vinte e nove lindos bocados destes magníficos exemplares e afinal nem um consegui reconstruir sabem a raiva que em mim ficou desisti de me interrogar porque todos os dias isto acontece para quê fazer perguntas deste tipo todos os dias enlouquecem o mais lúcido cidadão do mundo setenta vezes sete consultem a bíblia por favor que neste momento vem a propósito e não se encontra à minha mão gosto da bíblia como da guigalmeche e dos hinos guarani espantosamente simples e naturais o zé carlos que explique já que a minha capacidade de ciência pura é muito limitada cá pela minha parte prefiro a íntima intuição do sentir mais próximo do viver o dia quotidiano desta impura forma de vida apesar de tudo com surpresas por viver se assim não fosse não valeria a pena conversar viver esperar resistir sonhar e mais uns quinhentos verbos activos que existem nesta língua da augusta da edite da virgínia do eugénio também possível de transportar para a gabriela ou outra escrita do norte como a do grande sol cinema de manoel pessegueiro que por acaso é uma oliveira sem necessidade de água vegetal como o joão pedro diz com a ironia surrealista de bom cidadão nacional ah esse é o cúmulo do sadismo quinhentist lá deve ter razões para o dizer mesmo que de realismo nenhum bases tenha mas cada um é como cada qual e nem eu por aí me meto é isso mas o pior digo mesmo o pioríssimo desta história toda é haver pessoas que não gostam de conversas de copos de dizer mal da vizinha e dos gatos da porteira para quem tem porteira que não é o meu caso mas o meu caso até é um dos casos perdidos como segundo a lógica não podia deixar de ser e retirando a nespereira em frente da minha janela o romeu e a julieta que me pedem para lhes dar uma comidinha mesmo que seca mais meia dúzia de pessoas sim uma meia dúzia pessoas fundamentais na minha vida o resto é igual ao costume com batatas fritas perdeu-se o gosto da vida saber brincar com ela pois que ela o merece já não há sentido de humor não há amor nem pela vida nem pelas pessoas nem pela morte vivemos todos numa sociedade infeliz e continuo a ouvir depoimentos mentirosos todos os dias sim todos os dias murmuram para dentro a necessidade imaginem de quererem ser felizes mas na minha opinião mentem acho que mentem e acho que mentem porque não querem mesmo nada ser felizes não não querem assim chega basta não querem não querem que posso eu fazer nem eu sei se quero fazer repito nem eu sei se quero ser feliz estamos neste abanbono o que me vale é aquele anjo que encontrei no dia de são martinho eu no porto a comer cerejas congeladas e é por isso e por outras que não sabem o que querem pronto lá está o meu anjo agora é o da covilhã a protestar já lhe disse que ele é um protestante do diabo irritou-se vejam lá e é anjo então não tenho o direito de também me irritar não sou anjo sou mais para o lado do anjinho mas disso não quero falar agora estou constipado e nas nuvens vou ficar pior da constipação por ora fico em terra não é dia de correr grandes riscos fica para a próxima sim para a grande estação do oriente um dia vou fazer grandes riscos traços pontos vírgulas e talvez uma grande epígrafe para uso pessoal o rui é que tinha razão não vale a pena andar por aí a fazer alarde do nosso coração ponto final que vírgulas e outras pontuações estão fora de contexto boa palavra para falar de nós sim de humildes e frágeis seres com ou sem memória ancestral já que a regressiva fica para o próximo século mesmo sem água e sem musgo sem pinheiros tudo vestido de eucaliptos ou árvores semelhantes que os substitua sem mel que abelhas vão todas ficar em museus de cera as galinhas vão reproduzir-se em mecânicos sistemas de desarmonas metafóricas metálicas delicodoces e esponjosas rejeitadas por todos os pacientes dessa futura humanidade que disse eu desumanidade foi ou não foi para onde caminhamos ajuda-me amigo bastos lá das alturas do teu reino volátil devo estar no limiar mais próximo do devaneio tinta azul cinco de março do magnífico ano de dois mil e setenta e oito ano da graça ou do escorpião ano doirado na lembrança eslavo-chinoca e se não for assim logo descubro agora é tempo fora daquela paz regressámos às histórias gaulesas esquecidas de astérix e seu druida louco e magnífico acho que precisamos dessas boas poções mágicas desaparecidas como o oiro da mina mesmo que volfrâmio seja nas lendas encantadas da minha avó prazeres de seu nome verdadeiro que prazeres espero que haja tido por muitos e melhores anos já que os nossos fortuitos e desencantados se tornaram em nome do consumo dos dias pudera diabos de dias em que vivemos desesperados e inócuos vale a pena aproveitar os poucos momentos livres play-time de uma aventura que já nada tem de rio nem de mar sinto que também neste verbo eu embarco mas como solução não tem conduz sempre a nada melhor não leva ao mar àquele abraço total e definitivo como o declinar de cada dia que não recupera o anterior perdido em azáfama na verdade nenhum dia vinga outro dizia o juvêncio que é um gajo porreiro pois assim seja ou antes então era assim como dizia o antónio pintor apesar de tudo é o dia a dia que faz a história e esse porreiro optimista português chamado domingos perdido antónio e não haja dúvida que a sabedoria nele habita e se habituou a habitar conheci-o num dia longínquo de guerra em áfrica ofereceu-me um volumoso livro que ainda guardo religiosamente enquanto o lia as balas sibilavam nas ruas e algumas entraram no meu quarto dizia-me de modo invulgarmente sereno como é possível interrogava-me eu pacífico europeu de meia-tigela que nunca situações semelhantes vivi pois nunca experimentei guerras dessas a sério violentas como ter de pedir desculpa quando se tem razão talvez a diferença é que a guerra nunca tem razão só lógica só interesses só poderes de origem quase sempre oculta e muitas vezes secreta as razões da guerra vêm sempre no fim para os historiadores fazerem a sua história e lamentarem por tão pequena causa milhões de mortos resquiescant in pasce sempre o papa a dar a sua suprema bênção mesmo pela boca dos repórteres da história oficial da colina mais próxima onde os morteiros foram instalados aqui aljubarrota 1383 dia abafado de calor a padeira fez pão fresquinho consumo grátis para todos os corajosos participantes na batalha incluindo o venerável condestável curiosamente este não apareceu foi jantar com o rei-mor ao magnífico castelo de leiria e por leiria se quedou majestosamente comido e comedor não quero falar de concubinas era moda e parece continua a ser façam o favor de rir riam por favor sei que a moda agora é outra talvez por isso e pelo mesmo valha a pena rir de trezentas e quarenta e quatro mil maneiras diferentes de el-rei o joão primeiro ou segundo tanto faz das velhas derrotas a história fala sempre pouco o mesmo acontecerá com a do futuro se ainda houver futuro para viver pois sim esqueçam este milénio está perdido e do outro nada sabemos e que bom nada sabermos como se acrescentasse alguma coisa ao nosso passado esqueçam mas lembrem-se da maria que tinha a mania que tinha nascido em barcelona quando ela nem de sevilha passou foi lá no máximo duas ou três vezes mas pronto tinha orgulho em dizer que a sua cidade natal era barcelona sabe-se lá porquê por falar em maria lembrei-me da madalena esguia quase loira e perfumada cheia de boas intenções que será feito dela não a vejo há tanto tempo não há tempo para ver as pessoas não percebo porquê mas é verdade não vejo a madalena p’raí há dezoito anos quase uns três séculos à velocidade em que agora nos movemos e ainda não chegou o tgv ou lá o que seja mesmo que não o utilizemos dizem que nos liga em pouco mais de uma hora de paris a bona ou de bona a bucareste nem sei bem onde ficam uns famosos barrancos menos quero lá saber de bucareste hei-de ir primeiro a barrancos e de certeza não vai ser de tgv porque barrancos é nosso como é


madalena
sinto que há saudades dos dois lados o mal é do tempo da louca velocidade com que o dinheiro se transporta de continente em continente via elec-trónica sem fronteiras e bem vistas as coisas sem perda de tempo e de espaço ou seja mais uma vez a razão está do lado do velhinho alberto de cabelo branco que teimava em descobrir a mágica fórmula que permitia voltar ao passado e descobriu-a só não teve tempo para a aplicar a si próprio tive por diversas vezes a oportunidade de conversar com ele contou-me sempre num tom de grande confidência que nunca iria lamentar ter sido desde pequeno um privilegiado só gostaria de ter tempo para escrever um romance de uma única página reescrita de mil quatrocentas e oitenta e nove formas sempre muito diferentes acreditava que se o fizesse descobriria a fórmula secreta de transformar carvão em oiro segredou-me que ainda pediu um patrocínio com essa finalidade aos correios alemães mas estes rejeitaram o pedido porque estavam ocupados a levar o enorme volume de correspondência de guerra aos familiares dos combatentes seis anos depois da guerra ter acabado podem imaginar a emoção que de repente se apoderou do sentimental alberto eu que olhei os seus olhos não posso descrever a sua fisionomia mas compreendi a sua indignação perante tamanho atraso da humanidade sim porque se tal acontecesse na china ainda hoje os correios chineses andariam a distribuir correspondência de camaradas heróis combatentes dos anos quarenta era uma questão de cumprir um compromisso e estando tão atrasado o seu cumprimento perante tanta gente quem era ele para exigir um mecenato tão desgastante eram apenas alguns marcos mas o tempo era de crise e um marco dava de comer a muita gente tipo uma sardinha para três que é melhor que nada apesar do nada não ter medida e assim se perdeu uma possível grande conquista da humanidade devo ter feito um comentário do género porque me lembro de ter recebido um comentário do género nada se descobre tudo se vai descobrindo aos poucos e eu não sou mais do que um simples mortal que tenta avançar alguns centímetros no grande círculo universal perplexei-me de verdade fiquei muito apreensivo que porra de conversa era aquela os correios são os correios mas o universo é muito mais que os simples correios alemães juro que voltei para casa e dormi mal passados alguns dias que provavelmente foram semanas voltei a encontrar o alberto não me lembro onde e perguntei-lhe como ia a ideia do romance do carvão e do oiro e ele ficou calado nem tugiu nem mugiu voltei a formular a minha curiosidade latina silencioso continuou nem mais uma palavra da minha boca saiu alguma coisa estava errada em mim fez-me um sinal e caminhámos juntos ao longo da avenida não sei quantos que bordejava um rio cizento mas belo com um cheiro a música durante minutos e minutos assim permanecemos e eu terrivelmente atrapalhado pela situação gerada sem saber o que fazer o que dizer ou sei lá mais o quê sofria interrogava-me atrasava-me nos passos mas palavra não saía de mim nunca tinha experimentado sensação semelhante um horror sem medida possível era incontrolável o que pudesse vir a seguir será que o rio me serviria de salvação interrogava-se o meu íntimo individual e serviu estava cheio de sede sei que não era verão mas estava cheio de sede e um camião de gelo estava ali mesmo ao lado de uma das pontes que ligavam as duas margens do rio lancei-me sobre o carregamento roubei meia dúzia de pedras e perguntei-lhe queres uma e ele aceitou mas continuou calado não estava à espera desse silêncio tão desconcertante só que para espanto meu disse-me não percas tempo a matutar tanto tempo sobre o tempo o tempo não existe o quê o tempo não existe então o que andamos aqui a fazer não é a gastar o nosso tempo o tempo da nossa vida que quereria dizer o alberto com essa sua filosofia de gelo na boca boa pergunta diria o meu primeiro professor da disciplina com a breca fiquei ainda pior do que já estava acontece cada coisa às pessoas e agora talvez o melhor seja dizer boa tarde até à próxima gostei muito de o ver obrigado desculpe qualquer coisinha volto outro dia o dia está um bocado frio vou para casa só que nada me saiu como era provável ter acontecido e aconteceu que fui perdendo cada vez mais a capacidade para acompanhar os seus passos ele foi-se afastando lembro-me apenas do nevoeiro a descer sobre as margens e o alberto a desaparecer lenta lentamente no longe que os meus pés não foram capazes de alcançar que pena tinha ainda tanta coisa para conversar com o alberto procurei-o dias depois tinha ido de férias para o algarve nem sei como ele descobriu que esta terra existia nos confins do mundo que o mundo eu vi acaba ali mesmo numa falésia sobre o mar parece que sagres lhe chamaram confirma-o a dona maria dos correios o zé correia de vila do bispo segundo me contaram nem já torre tem quanto bispo talvez apenas o cheirinho a percebes da salema não pude provar não tive tempo espero que o alberto tenha boas férias e seja bem recebido em terras de portugal ao sul ainda europa no mapa desenhado mas será que há europa será que há mapa mas o que é a europa o que é um mapa mesmo que de mundi se trate anda tudo enganado anda tudo doido diz o meu amigo juvêncio que é doutor em analisar a humanidade até concorda que os jogos de computador são uma forma moderna de preparar as crianças para as estratégias da vida ele que nem gosta de guerras dizer uma coisa destas interroga-me cá por dentro mas explica-me com a sua paciência chinesa a vida é um jogo de linhas como em qualquer desenho a vida é um puro jogo de desenhos como no astérix ou no tintim tanto faz pergunta ao teu amigo pedro da bd e logo vês o que te responde o desenho como a vida o futebol ou qualquer jogo de computer é sempre um problema de linhas é um sábio este juvêncio até concordou que tinha cometido aquele erro com o mário levar-lhe gin para o céu é evidente que o pedro de lá não gostou mesmo nada e sacou-lho penso que o enviou numa nuvem para o inferno curiosamente o diabinho que estava à porta provou-o e apanhou uma das tais que não têm descrição adormeceu e ninguém percebeu porquê até chegar o pai que sabe ler e olhou para o rótulo da garrafa 42 graus de álcool não é certamente água disse o pai diabo isto é partida do pedro que expulsou algum humano cá para baixo enganou-se mesmo o resultado é o mesmo o diabinho apanhou uma piela dos demónios que nem um humano despreza e vá lá saber-se porquê um dia pergunto ao manuel de sines talvez ele me elucide dessas formas de navegar eu disse navegar estou a adiantar-me à possível resposta calma pai diz a lia em certos momentos de gravidade de olhares palavras e gestos que de tudo isto é constituída a vida perguntem ao diabinho o que sentiu depois de acordar daquela embaraçosa situação não é fácil responder eu sei mas ele poderia muito bem dizer qualquer coisa como a vida não está fácil no inferno aqui nada acontece de verdadeiramente original e salutar não se pode crescer ficamos sempre do mesmo tamanho os crescidos não nos deixam fazer o que queremos não de pode ter bonecas porque ficam todas queimadas maldito o plástico que os humanos inventaram não se sabe por que raio de carvão costuma dizer o meu pai mas nem sei o que é carvão pronto estou muito arrependido de ter bebido aquela água drogada dos humanos que fazem contrabando com o céu desculpem pecadores e santos do céu fiquei comovido quando o juvêncio me contou esta cena mesmo muito tão comovido que fui ao frigorífico buscar uma cerveja para resfrescar a minha fraqueza pelo porteirinho do inferno que afinal nada tem de especial mais um pouco de exploração de mão de obra infantil imaginem até no inferno há exploração desse tipo não há hipóteses de nos livrarmos deste mal milenário no céu é a mesma coisa afinal que idade têm os anjos maldito diabinho quem lhe ensinou tanto que se intrometeu na conversa e respondeu sem ninguém lhe ter pedido opinião e atreveu-se ainda a acrescentar opino quando muito bem me apetecer e esta deixa que não estava na peça original da descrição da condenação do mundo ao inferno então como é ó fernando da peça nem em televisão vi coisa assim pois muitas coisas na desdita caixinha já vi até demónios mas um demoniozinho assim nunca deve ser do adiantado da hora já que os programas andam sempre atrasados deve ser ouvi ainda o juvêncio dizer antes de desligar o aparelho de musculação mas curiosamente o seu ritmo cardíaco manteve-se será que o juvêncio é atleta para vencer a volta à frança ou outra qualquer voltinha à catalunha e mesmo portugal pequenino com políticos ou não mesmo que formados de coimbra venham sim de coimbra do porto da covilhã da guarda ou de sevilha isso não importa nada vejam este exemplar ritmo cardíaco vital sério nem indurain estrela consegue melhor acho que descobri um futuro campeão da volta à frança juvêncio de são valentim e anta português de trás os montes à frente ou atrás tanto faz só precisa de um patrocínio palpável que dinheiro eu sei ele não tem que raio de destino nos cai na mão pois nos pés já nós o sentimos todos os dias semanas meses e anos sobre dias e semanas e meses e anos não vale a pena repetir que o destino não se modifica só fica e a moda ninguém a chamou voltemos pois ao inferno que era onde estávamos bem ou mal lá estávamos no quente das palavras do diabinho sabedor de coisas que nem humanos desconfiam e é bom saber isso os humanos quanto menos souberem mais felizes são é esta a suprema suposição dos humanos que já nem filhos sabem fazer para não terem direito à felicidade dizem os proveta de circunstância por se julgarem ainda mais perfeitos tinha razão o silva quando afirmava que o natural está a escassear vale mais comprar um óvulo congelado e infectá-lo com milhões de minúsculo-estúpidos espermatozóides que raio de nome ou inferno arranjaram para a gente o melhor é mesmo emigrarmos para os cumes de júpiter ou para as crateras da lua que ficam mais próximas só que quanto mais longe melhor por isso o melhor é viajarmos até saturno e ficamos logo casados com a ausência da terra pobre planeta desagregado pensava eu eis senão quando chega o juvêncio com uma mensagem urgente recebida em pager nosgestáltico de última geração zê



perigoso
foi o que tu disseste tu até disseste em francês e eu perguntei o que é isso e tu escreveste perigoso traduzi terrível em voz alta cá para dentro cá está o perigoso a voltar à escrita talvez para demorar um pouco talvez com a possibilidade de voltar a escrever uma longa longa carta e posso desde já confirmar que isso me seduz eu gosto de escrever mais adoro conversar acho mesmo que a vida devia ser uma enorme intensa e infinita conversa sim com muitas muitas palavras ou então com muito poucas e boas palavras como na poesia e nos filmes poucas e boas palavras fazem um romance de marguerite duras nem sei se tem dois tês no primeiro nome a minha costela europeia diz-me que tem a minha costela africana responde não sei não quero saber nem perco tempo para ficar a saber a minha costela chinesa segreda-me que espere para ver quero lá saber acabo por comentar e fico na mesma só que isto é conversar e isso interessa-me vais ver porquê claro que há conversas e desconversar claro que há modos de falar e desfalar há até formas de se olhar e nada se ver só que eu quero mesmo conversar falar ver sentir descobrir até pintar provavelmente até pintar os olhos à lua mas antes de subir tão alto gostava de ter tempo para ver com calma ternamente com toda a paixão durante horas e dias dias e meses meses e anos a cor dos olhos de quatro crianças que amo ainda digo crianças estou a ficar velho caduco fora de moda com cabelos cada vez mais brancos enquanto elas crescem sem que o tempo me deixe vê-los crescer sonhar com elas viver minutos grandes com o meu olhar nos olhos delas isto é que é a eternidade isto é que é o milagre sim a eternidade existe há milagres todos os dias às vezes na ponta dos dedos outras num voo de gaivota vá lá entender estes malditos perigosos terríveis loucos patéticos e parvos poetas encontrei um amigo que não via há muito passaram-se entretanto mil histórias com ele e eu sem saber de nada conversámos umas boas horas almoçámos juntos esquecemo-nos das horas e cheguei quatro horas depois ao trabalho antes de nos despedirmos ele disse-me uma coisa muito divertida sabes contigo também se passaram milhões de estórias que eu não podia adivinhar vem isto a propósito de eternidade e moda ou fora dela ou tempo e falta dele tanto faz tudo o que temos não chega para realizarmos os nossos sonhos é isto que é estúpido somos todos estúpidos porque mesmo aqueles que podiam ter tempo não os realizam a humanidade está bronca ainda mais que os três macacos um diz que não quer ver e tapa os olhos o segundo prefere não ouvir e põe as mãos nos ouvidos o último afirma que não quer falar e tapa a boca a maldita humanidade parece-me que quer ver e diz sim estou a ver mente acho que também quer ouvir e comenta já ouvi tudo engana-se suspeito que deseja igualmente falar e decide não há nada para dizer finge pelo menos os três macacos podem ser colocados na mesa de cabeceira na estante ou no sótão da nossa casa a humanidade essa recomenda-se cerca de um terço até vive na china eu nunca fui à china será que se perde muito por isso a humanidade é um nabo uma batata um feijão chocho tenho uma batata congelada no frigorífico o nabo utilizei-o na última sopa que fiz o feijão anda todos os dias comigo a humanidade não existe é uma abstracção que tem a bênção do papa do imperador do japão e da rainha de inglaterra a digna terra também não existe vistas as circunstâncias e dados os actuais factos andamos todos perdidos todos e todos os dias ainda não encontrei ninguém que se quisesse encontrar posso até tentar adivinhar porquê não vale a pena a minha alma não é grande e tudo isso tem custos tão elevados que qualquer humano desiste porque não somos deuses e a eternidade não existea humanidade rasteja em busca do oiro perdido olhar em frente é castigo pessoalmente gosto dele não gosto desta humanidade não aprecio este mundo ainda por cima dizem-me que não há nada a fazer grandes amigos que eu tenho com que então nada a fazer que os deuses andavam distraídos já eu sabia há muito é assim e de nada nos vale clamar por santo antão ou outro qualquer patrono das nuvens invenção do cavaleiro louro quixote de pacotilha sem sancho que lhe valha mas não se poder fazer nada é morrer e segundo consta ninguém o faz de ânimo leve muito menos pesado como abordar a morte de modo fácil vá lá digam-me vocês sábios do mundo como se faz vá lá escondermo-nos debaixo do lençol e esperar que o céu nos caia em cima ou o telhado do prédio com cobertura de alcatrão e torre de controlo dos elevadores vá lá sim vá lá digam-nos como devemos defender-nos do fim do mundo então afinal ele não está próximo andaram a dizer-nos séculos sobre séculos que sim e agora a protecção militar e civil não nos dá as necessárias indicações de defesa ganhem coragem porra vá lá deixem de ser cobardolas mentirosos evasivos precisamos de saber pelo menos precisamos de sentir que raio nos vai cair em cima que pedregulho se poderá mover de marte ou de plutão e explodir sobre as nossas cabeças digam-nos será que não sabem se for o caso deviam saber para que servem telefones digitais moléculas radioactivas fibra óptica satélites em volta de todo o sistema solar ontem reacendeu-se a guerra na palestina o arafat disse que ia falar com o novo presidente do israel uma conversa séria que não podia ficar nas promessas eu acreditei continuo de facto ingénuo e parvo hoje a luta foi mais dura e violenta quarenta e oito mortos e mais de dois mil e quinhentos feridos sim mais de dois mil e quinhentos feridos e quase cinquenta mortos sim mortos e feridos o juvêncio que até veio jantar comigo tranquilizou-me deixa lá entre mortos e feridos alguém se há-de salvar perguntei-lhe se era verdade respondeu-me sei lá óbvio que não fiquei tranquilo mas penso que nada mudará o mundo por esta razão o mundo talvez não seja o que eu penso e o que o mundo pensa não seja o que é foi assim que respondi ao meu amigo mas ele continuou sabes qual é o problema sei lá eu e como posso saber então vou dar-te uma pista retorquiu-me o mundo tem gente a mais sabes sei lá como posso saber se ninguém nos informa do estado actual do mundo mas gente a mais é um argumento de mau pagador isso é o que está para se ver se ainda cá estivermos fiquei preocupado mesmo muito preocupado então nem o juvêncio sabe como se informa o pessoal ele que é conhecedor de todos os mecanismos da dita comunicação deve haver aqui alguma coisa de errado gravíssima e muito provavelmente antipática desnaturada e violentíssima desta vez é que o mundo ou metade de marte nos vai cair em cima valha-nos são astérix da poção mágica aí o juvêncio que parecia estar com sono acordou e exclamou em voz demasiado alta é isso a poção mágica é que nos pode salvar qual qual poção perguntei-lhe essa essa mesmo a do astérix não percebi absoluto vodka nada e como pensei alto obtive a solução final desta fatal questão sim tão decisiva que alguns foram queimados por apontarem caminhos de salvação poções mágicas comentou logo o juvêncio que nada estava a ouvir não pode ser só por isso continuou merda não pode não pode ser só por isso não pode ser o juvêncio quando tem uma certeza é de ideias fixas como não podia deixar de ser faz parte da sua personalidade humana e afável um dia vou fazer-lhe uma boa fotografia para que possam conhecê-lo ao vivo sem ser apenas em conversa pois conversa é só pura teoria como convém sim nada de compromissos sim conforme os quereres do mundo à procura de si e da vaidade e do lucro sabem o que é procurarmos a vida inteira pela quimera do outro que nada nos diz não nos ama e só o lucro tem em vista claro que o sentido se esvai para o esgoto do tejo pois ele serve de depósito de dejectos e filtro de consciências ecologicamente puras ingénuas e frescas o pior são os gerentes do processo que tudo sabem e a tudo dizem amen está tudo bem sob controlo e assim conscientemente nos enganam e a verdade é uma prostituta estimada e amada quando convém só e apenas quando convém é nada e a nadar nos enganam até com falsas promessas fatídicas e apontem aí detesto o sentimento determinativo do dito o fado é o que nós quisermos com as devidas desculpas à tia amália que conheci muito bem quando nem portugal nem o mundo sabia que existia tinha que fazer este desabafo até porque é coisa rara as pessoas desabafarem em oportuno tempo e se agora tive tempo é por estar de férias mas mesmo assim tenho os meus trabalhos de casa todos os dias tenho trabalho de casa para não me esquecer que sou e continuarei sempre a ser estudante da vida do tempo da história dessa fatal motivação primitiva hoje chamada de comunicação como pode ser que uma pessoa se fique por aí em medíocres atitudes de tudo aceitar só por se aceitar é melhor assim conformistas fáceis e assumidos como se pode ficar apenas por aqui onde os nomes as convicções e o amor são sempre em nome da lei do costume da moral da igreja católica do papa do presidente da ré pública e da rainha de inglaterra talvez porque somos de um povo submisso pacato e do medo vão fazendo de nós gato-sapato como convém à internacional divisão do trabalho sim do capital já que trabalhos temos de mais e capital a menos em determinadas regiões pobres do nosso portugal que continua a ser promessa desde a aventura do filho contra a mãe e o que destino parecia ser é normal quando estas coisas acontecem e ninguém sabe quando acontecer possam não somos deuses mas sobre eles contruímos as nossas convicções mesmo que frágeis e provisórias também assim é a natureza humana temos que esperar pelos anos que aí vêm são importantes talvez venham a ser importantes quem é que pode saber a esta distância de luz e anos e desenganos e ficções borgianas mesmo que de saramago se trate sei lá eu que ainda pouco sei



12 comentários:

Cissa de Oliveira disse...

a gente fica perplexo...
é isso; depois,
sequestras as palavras todas!

hummpt!

Beijos e parabéns pelas prosas. Eu li "quero". quero ler mais.

Cissa

Joaquim Alves disse...

Pronto!
Já alguém comentou
e não fui eu!...

Joaquim Alves disse...

De facto esta prosa é difícil de digerir. Foi um amigo que o disse.
Logo, é verdade!

Joaquim Alves disse...

Agora que o tempo já vai mais perto,
em verdade vos digo:
Este texto/livrinho foi colocado,
aqui, em homenagem
às quinhentas edições da Truca.lda.
A responsabilidade é única e total
de um senhor chamado Luís Gaspar.
Com muito gosto e honra, o fiz.
Nas mil, outro inédito lhe dedicarei.
Força, Mestre!

Mosca de Serviço disse...

Estou a ler... devagar... tentando fazer pausas... custa-me a respirar... os teus textos...

Joaquim Alves disse...

ONDE é que já ouvi coisas dessas? Onde?

ANITA disse...

E conversamos sobre os nossos azuis.
O teu Azul do Tejo.
A minha Menina do Lago.
Acho que se dão bem. Têm longas conversas pela noite fora.

Deixo-te um beijo azul, feito do luar dessas noites

Isabel Castanho disse...

Bolas... estou sem folego e até já transpiro.

Anônimo disse...

E' vergonhoso assinalar aqui que tao pouco me debrucei sobre estes temas,mas foi agora por falta de tempo ( vou le-lo com a atencao requerida mas + tarde,ja' o enviei para o monte das leituras )mas ja' te sei um expert e quando dou de caras com uma alosao ao "Mestre Luis Gaspar",palavras mais nao tenho que nao seja,ler um belo texto como tudo o mais que realizas com perfeicao!Um abraco,ah e o Blog esta' muito bom,obrigado por partilhares

Twoefes disse...

“um amigo que morreu de sida sim de sida tem algum mal morrer de sida”
Por hoje terminei aqui li tudo de um folgo em voz alta e rápido tenho a garganta seca estou a precisar dum copo de agua gostei do que li a narrativa corre como surge no pensamento tenho que experimentar mas acho que não vou conseguir porque o meu pensamento é muito mais rápido que os meus dedos que escrevem e depois esqueço-me do que estava a pensar para já estou a imita-lo a escrever sem sinalização não leve a mal sempre pensei que não era possível mas é até breve e um abraço

TIA BELA disse...

Diz ao Juvencio que talvez ainda espere a fotografia dele. Quando passo pelas cerejas lembro-me como ele gosta delas. No entanto não esqueço o que li "meu íntimo individual e serviu estava cheio de sede sei que não era verão mas estava cheio de sede e um camião de gelo estava ali mesmo ao lado de uma das pontes que ligavam as duas margens do rio". Parto hoje. Até um dia.Um abraço para o Juvencio e um beijo para ti

Maria do Rosário Loures disse...

Vou ler com devagar, devagarinho e depois volto aqui ao "Faça um comentário" e deixo, de certo, algumas palavras! Jinhos kridos